terça-feira, janeiro 31, 2006

FOGO E GLÓRIA

Percorrendo com os olhos o azul profundo
Atravessando o mar das nossas vontades
Na linha misteriosa do horizonte
O Poderoso Sol...

Fogo e Glória
Que após despida a Alma
São tão-somente
O desejar
O imaginar
O amar-se...

Fogo e Brilho
Lindos de observar à distância
Magia que queremos tomar nas mãos
Tão sublimes que desejamos serem só nossos...
Mas não queimam se nos aproximarmos demais?!


segunda-feira, janeiro 23, 2006

PALAVRAS QUE CAEM

Falo sozinha
São palavras que escorrem
Sufocam-me
Caem no solo e dissolvem-se
Diluem-se por entre os desejos
Gastam-se e morrem.

Todas as vozes se calam
Mas este som de nada
Cruel e gritante
Acorda em mim a vontade
De não desistir
De me erguer
Sempre!

E tudo em redor é silêncio...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

SIM À VIDA

Amigos, amores, sonhos
Conhecidos que sorriem
Chegam, passam e partem
Morrem, abandonam-nos, traem-nos

Amigos que vão e vêm
Encontros que nos fascinam
Desencontros que nos desgostam
Vontades que nos destroem

Quem fica no final
É quem nos aquece por dentro
Quem connosco ri e sofre
Quem nos dá a mão na Dor

Quem dos olhos vemos escorrer o Brilho
Quem nos faz olhar o Mundo
Tão simplesmente...
... Quem nos faz falta se desaparecer...


quarta-feira, janeiro 11, 2006

ESCOLHAS

São os meus Sonhos
É o meu Caminho
Não me julguem
São as minhas escolhas

Foi um click num botão
De um acaso sem acaso
Foi dar a mão e um beijo
São as minhas escolhas

E quando o corpo morrer
Fica a Alma e a Saudade
A lembrança do Amor
São as minhas escolhas

Bebo cada Momento
Cerro os Olhos
Oiço o meu Coração
E prossigo...

segunda-feira, janeiro 02, 2006

AS ÁRVORES

(Um poema de António Gedeão que tão bem ilustra como as árvores - que eu sinto como as pessoas sós no meio da multidão - vivem e fazem viver...)

As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a pouco se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
E deles nascem folhas e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
E então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
E os frutos dão sementes,
E as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
Fazem amor e ódio,
E vão à vida como se nada fosse.

As árvores não.
Solitárias as árvores,
Exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
Com o vento soltam ais como se suspirassem
E gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir, sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.



Druidess Druid