Percorrendo com os olhos o azul profundo Atravessando o mar das nossas vontades Na linha misteriosa do horizonte O Poderoso Sol...
Fogo e Glória Que após despida a Alma São tão-somente O desejar O imaginar O amar-se...
Fogo e Brilho Lindos de observar à distância Magia que queremos tomar nas mãos Tão sublimes que desejamos serem só nossos... Mas não queimam se nos aproximarmos demais?!
(Um poema de António Gedeão que tão bem ilustra como as árvores - que eu sinto como as pessoas sós no meio da multidão - vivem e fazem viver...)
As árvores crescem sós. E a sós florescem. Começam por ser nada. Pouco a pouco se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo. Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos, E deles nascem folhas e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores, E então crescem as flores, e as flores produzem frutos, E os frutos dão sementes, E as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas. Sem verem, sem ouvirem, sem falarem. Sós. De dia e de noite. Sempre sós.
Os animais são outra coisa. Contactam-se, penetram-se, trespassam-se, Fazem amor e ódio, E vão à vida como se nada fosse.
As árvores não. Solitárias as árvores, Exauram terra e sol silenciosamente. Não pensam, não suspiram, não se queixam. Estendem os braços como se implorassem; Com o vento soltam ais como se suspirassem E gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós. Nas planícies, nos montes, nas florestas, A crescer e a florir, sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós E entretanto dar flores.
OS DESAFIOS QUE O ROMANCE ENVOLVE SÃO O QUE TORNAM O VERDADEIRO AMOR TÃO ESPECIAL QUANDO ACONTECE.
AMA COMO SE O AMOR NUNCA VÁ ACABAR. NA VERDADE NUNCA ACABA...